segunda-feira, 16 de abril de 2007

A razão e a emoção


Ninguém jamais conseguiu explicar como foram criadas as almas gêmeas, mas eu me lembro bem dessa história.Estavam lá no céu, todas as almas, umas eram somente razão, outras somente emoção, duas filas distintas.
Finalmente, chegou a minha vez de ser colocada em uma das filas. Olhei para ambas e me identifiquei com a da razão. Acontece, porém, que quando avistei você na da emoção, meus olhos brilharam, foi como se fosse um imã a me puxar.

Aproximei-me do Criador e lhe disse:- Eu gostaria de ficar na fila da emoção, pode ser? ... é que existe uma doce alma por lá, que me encantou.- Está bem, falou-me Ele, você até poderá escolher seu lugar, mas antes quero lhe explicar algo, depois então você fará a sua opção.
"Existem almas que são gêmeas,tudo nelas é igual, a única diferença que eu coloquei foi a razão e a emoção, justamente para que elas possam se completar, é como se fosse um encaixe. Possuo uma grande percepção para distinguir as almas gêmeas e por isso entendi, que aquela que se encontra ali na fila da emoção é a sua (Ele falou apontando para você). Daí querer te colocar na da razão.""Caso vocês fiquem juntas, o encanto das almas gêmeas se acabará, ao passo que se ficarem separadas, ele permanecerá. No entanto, devo lhe contar algo, as almas gêmeas, nem sempre se encontram, porém vivem sempre unidas pelo coração e por elas próprias. Por outro lado quando se encontram, jamais se separam, nem mesmo eu consigo executar esse afastamento."Entendi naquele momento que a razão não sobrevive sem a emoção. e a emoção por sua vez, precisa da razão para viver.Nesse instante fiz a minha escolha:- Prefiro a fila da razão!Encaminhei-me para o meu lugar, me posicionei e nesse mesmo instante, você, que não tinha até então percebido a minha presença, olhou-me e sorriu!
Hoje, eu sou a razão, você a emoção, eu te dou o chão e você me leva à lua.Hoje, eu entendo o que o Criador quis me dizer com: "...é como se fosse um encaixe."Hoje, eu sou a razão correndo atrás da emoção e você a emoção pedindo aos céus que eu possa pertencer a mesma fila que você.Mas, o que que você não sabe é que fui eu mesma quem escolheu o meu lugar, só para ser a sua alma gêmea.O que você não sabe é que, mesmo antes de pertencer a qualquer uma das filas, eu já te amei.Quando voltarmos para o lado de lá, você há de entender tudo isso e se eu puder escolher uma das filas novamente, eu ainda vou querer ficar separada de você. A única diferença é que escolherei a fila da emoção para sonhar como você sonhou e que você fique na da razão para entender como eu sofri!
SILVANA DUBOC

A cabra e Francisco - Drummond



Madrugada. O hospital, como o Rio de Janeiro, dorme. O porteiro vê diante de si uma cabrinha malhada, pensa que está sonhando.
- Bom palpite. Veio mesmo na hora. Ando com tanta prestação atrasada, meu Deus.
A cabra olha-o fixamente.
- Está bem, filhinha. Agora pode ir passear. Depois volta, sim?
Ela não se mexe, séria.
- Vai cabrinha, vai. Seja camarada. Preciso sonhar outras coisas. É a única hora em que sou dono de tudo, entende?
O animal chega mais para perto dele, roça-lhe o braço. Sentindo-lhe o cheiro, o homem percebe que é de verdade e recua.
- Essa não! Que é que você veio fazer aqui, criatura? Dê o fora, vamos.
Repele-a com jeito manso, porém a cabra não se mexe, encarando-o sempre.
- Aiaiai! Bonito. Desculpe, mas a senhora tem de sair com urgência, isto aqui é um estabelecimento público (Achando pouco satisfatória a razão.) Bem, se é público devia ser para todos, mas você compreende... (Empurra-a docemente para fora, e volta à cadeira).
- O quê? Voltou? Mas isso é hora de me visitar, filha? Está sem sono? Que é que há? Gosto muito de criação, mas aqui é um hospital, antes do dia clarear... (Acaricia-lhe o pescoço.) Que é isso! Você está molhada? Essa coisa pegajosa...O que: sangue?! Por que não me disse logo, cabrinha de Deus? Por que ficou me olhando assim feito boba? Tem razão: eu é que não entendi, devia ter morado logo. E como vai ser? Os doutores daqui são um estouro, mas cabra é diferente, não sei se eles topam. Sabe de uma coisa? Eu mesmo vou te operar!
Corre à sala de cirurgia, toma um bisturi, uma pinça; à farmácia, pega mercúrio-cromo, sulfa e gaze; e num canto do hospital, assistido por dois serventes, enquanto o dia vai nascendo, extrai da cabra uma bala de calibre 22, ali cravada quando o bichinho, ignorando os costumes cariocas da noite, passava perto de uns homens que conversavam à porta de um bar.
O animal deixa-se operar, com a maior serenidade. Seus olhos envolvem o porteiro numa carícia agradecida.
- Marcolina. Dou-lhe este nome em lembrança de uma cabra que tive quando garoto, no Icó. Está satisfeita, Marcolina?
- Muito Francisco.
Sem reparar que a cabra aceitara o diálogo, e sabia o seu nome, Francisco continuou:
- Como foi que você teve idéia de vir ao Miguel Couto? O Hospital Veterinário é na Lapa.
- Eu sei Francisco, Mas você não trabalha na Lapa, trabalha no Miguel Couto.
- E daí?
- Daí preferi ficar por aqui mesmo e me entregar a seus cuidados. Não posso explicar mais do que isso, Francisco. As cabras não sabem muito sobre essas coisas. Sei que estou bem ao seu lado, que você me salvou. Obrigada, Francisco.
E lambendo-lhe afetuosamente a mão, correu os olhos para dormir. Bem que precisava.
Aí Francisco levou um susto, saltou para o lado:
- Que negócio é esse: cabra falando?! Nunca vi coisa igual na minha vida. E logo comigo, meu pai do céu!
A cabra descerrou um olho sonolento, e por cima das barbas parecia esboçar um sorriso:
- Pois você não se chama Francisco, não tem o nome do santo que mais gostava de animais neste mundo? Que tem isso, trocar umas palavrinhas com você? Olhe, amanhã vou pedir ao Ariano Suassuna que escreva um auto da cabra, em que você vai para o céu, ouviu?
(Carlos Drummond de Andrade)

os sinais



Conta-se que um velho Árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que certa vez, um rico chefe de grande caravana chamou-o à sua presença e lhe perguntou:- Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler?O crente fiel respondeu:- Grande senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celeste pelos sinais dele.- Como assim? - indagou o chefe, admirado.O servo humilde explicou-se:- Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?- Pela letra.- Quando o senhor recebe uma jóia, como é que se informa quanto ao autor dela?- Pela marca do ourives.O empregado sorriu e acrescentou:- Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?- Pelos rastros - respondeu o chefe, surpreendido.Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu, onde a Lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:- Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia e começou a orar também.


(Autora espiritual: Meimei. Mensagem psicografada por Chico Xavier.)

Amigo, um ensaio...





Difícil querer definir amigo. Amigo é quem te dá um pedacinho do chão, quando é de terra firme que você precisa, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta.Amigo é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coração pulsante, costas largas. É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não querer compartilhar o que aprendeu. É aquele que cede e não espera retorno, porque sabe que o ato de compartilhar um instante qualquer contigo já o realimenta, satisfaz. É quem já sentiu ou um dia vai sentir o mesmo que você. É a compreensão para o seu cansaço e a insatisfação para a sua reticência.É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo "por vir".

É ao mesmo tempo espelho que te reflete, e óleo derramado sobre suas águas agitadas. É quem fica enfurecido por enxergar seu erro, querer tanto o seu bem e saber que a perfeição é utopia. É o sol que seca suas lágrimas, é a polpa que adocica ainda mais seu sorriso.Amigo é aquele que toca na sua ferida numa mesa de chopp, acompanha suas vitórias, faz piada amenizando problemas. É quem tem medo, dor, náusea, cólica, gozo, igualzinho a você. É quem sabe que viver é ter história pra contar. É quem sorri pra você sem motivo aparente, é quem sofre com seu sofrimento, é o padrinho filosófico dos seus filhos. É o achar daquilo que você nem sabia que buscava.Amigo é aquele que te lê em cartas esperadas ou não, pequenos bilhetes em sala de aula, mensagens eletrônicas emocionadas. É aquele que te ouve ao telefone mesmo quando a ligação é caótica, com o mesmo prazer e atenção que teria se tivesse olhando em seus olhos. Amigo é multimídia.Olhos... amigo é quem fala e ouve com o olhar, o seu e o dele em sintonia telepática. É aquele que percebe em seus olhos seus desejos, seus disfarces, alegria, medo. É aquele que aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no seu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior. É lua nova, é a estrela mais brilhante, é luz que se renova a cada instante, com múltiplas e inesperadas cores que cabem todas na sua íris.Amigo é aquele que te diz "eu te amo" sem qualquer medo de má interpretação: amigo é quem te ama "e ponto".

É verdade e razão, sonho e sentimento. Amigo é pra sempre, mesmo que o sempre não exista.
Amigo, Um Ensaio(Marcelo Batalha)

gente com rosa na lapela



John Blanchard levantou do banco, endireitando a jaqueta de seu uniforme e observou as pessoas fazendo seu caminho através da Grand Central Station. Ele procurou pela garota cujo coração ele conhecia mas o rosto não; a garota com a rosa. Seu interesse por ela havia começado trinta meses antes, numa livraria da Flórida. Tirando um livro da prateleira, ele se pegou intrigado, não com as palavras do livro, mas com as notas feitas a lápis nas margens. A escrita suave refletia uma alma profunda e uma mente cheia de brilho. Na frente do livro, ele descobriu o nome do primeiro proprietário: Srta. Hollis Maynell.Com tempo e esforço ele localizou seu endereço. Ela vivia em New York City. Ele escreveu a ela uma carta, apresentando-se e convidando-a a corresponder-se com ele. Na semana seguinte ele embarcou num navio para servir na II Guerra Mundial.
Durante o ano seguinte, mês a mês eles desenvolveram o conhecimento um do outro através de suas cartas. Cada carta era uma semente caindo num coração fértil. Um romance de companheirismo.
Blanchard pediu uma fotografia, mas ela recusou. Ela queria que ele realmente se importasse com ela, não importando como ela era, ou sua aparência.
Quando finalmente chegou o dia em que ele retornou da Europa, eles marcaram seu primeiro encontro - 7:00 da noite na Grand Central Station em New York.
"Você me reconhecerá", ela escreveu, "pela rosa vermelha que estarei usando na lapela".
Então, às 7:00 ele estava na estação, procurando por uma garota cujo coração ele amava, mas cuja face ele nunca havia visto. Vou deixar o Sr.Blanchard dizer-lhe o que aconteceu:
"Uma jovem aproximou-se de mim. Sua figura era alta e magra. Seus cabelos loiros caíam delicadamente sobre os seus ombros, seus olhos eram verdes como água. Sua boca era pequena e seus lábios carnudos, e seu queixo tinha uma firmeza delicada. Seu traje verde pálido era como se a primavera tivesse chegado.
Eu me dirigi a ela, inteiramente esquecido de perceber que ela não estava usando uma rosa. Como eu me movi em sua direção, um pequeno, provocativo sorriso, curvou seus lábios. "Indo para o mesmo lugar que eu marinheiro?", ela murmurou.
Quase incontrolavelmente dei um passo pra junto dela, e então eu vi Hollis Maynell. Ela estava parada quase que exatamente atrás da garota. Uma mulher já passada dos 50 anos, ela tinha seus cabelos grisalhos enrolados num coque sobre um chapéu gasto.
Ela era mais que gorducha, seus pés compactos confiavam em sapatos de saltos baixos. A garota de verde seguiu seu caminho rapidamente. Eu me senti como se tivesse sido dividido em dois, tão forte era meu desejo de segui-la e tão profunda era o desejo por aquela mulher cujo espírito verdadeiramente me acompanhara e me sustentara através de todos as minhas atribulações.
E então ela parou. Sua face pálida e gorducha era delicada e sensível, seus olhos cinzas tinham um calor e simpatia cintilantes. Eu não hesitei. Meus dedos seguraram a pequena e gasta capa de couro azul do livro que a identificou para mim. Isto podia não ser amor, mas poderia ser algo precioso, talvez mais que amor, uma amizade pela qual eu seria para sempre cheio de gratidão.
Eu inclinei meus ombros, cumprimentei-a mostrando o livro para ela, ainda pensando, enquanto falava, na amargura do meu desapontamento. "Sou o Tenente John Blanchard, e você deve ser a Srta. Maynell. Estou muito feliz que tenha podido me encontrar, Posso lhe oferecer um jantar?"
O rosto da mulher abriu-se num tolerante sorriso. "Eu não sei o que está acontecendo", ela respondeu, "aquela jovem de vestido verde que acabou de passar me pediu para colocar esta rosa no casaco. E ela disse que se você me convidasse pra jantar, eu deveria lhe dizer que ela está esperando por você no restaurante de esquina. E ela disse que isso era um tipo de "TESTE"!
Não parece difícil, pra mim, compreender e admirar a sabedoria da Srta. Maynell. A verdadeira natureza do coração de uma pessoa é vista na maneira como ela responde ao que não é atraente!!
Gente com Rosa na Lapela(Max Lucado)

os anjos





O menino voltou-se para a mãe e perguntou:- "Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum."Como ela lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo.- "É uma boa idéia" - falou a mãe. "Irei com você".- "Mas você anda muito devagar" - argumentou o garoto. "Você tem um pé aleijado".A mãe insistiu que o acompanharia. Afinal, ela podia andar muito mais depressa do que ele pensava.Lá se foram. O menino saltitando e correndo e a mãe mancando, seguindo atrás.De repente, uma carruagem apareceu na estrada. Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos. Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros. As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis. Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:

- "Você é um anjo?"Ela nem respondeu. Resmungou alguma coisa ao cocheiro que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu, na poeira da estrada. Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira. Ele esfregou os olhos e tossiu bastante. Então, chegou sua mãe que limpou toda a poeira, com seu avental de algodão azul.- "Ela não era um anjo, não é, mamãe?"- "Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um", respondeu a mãe.Mais adiante uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino. Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:- "Você é um anjo?" Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:- "Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo".Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando. Mais do que depressa, colocou o garoto no chão. Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.- "Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho!", disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado.O menino ficou no chão, chorando, até que chegou sua mãe e lhe enxugou as lágrimas com seu avental de algodão azul. Aquela moça, certamente, não era um anjo.O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado.



- "Você me carrega?"- "É claro" - disse a mãe. "Foi para isso que eu vim."Com o precioso fardo nos braços, a mãe foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava. Então o menino a abraçou com força e lhe perguntou:- "Mãe, você é um anjo?"A mãe sorriu e falou mansinho:- "Imagine, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu..."
(William J. Bennett)

A Rosa


Havia num bosque isolado uma bonita violeta que vivia satisfeita entre suas companheiras. Certa manhã, levantou a cabeça e viu uma rosa que se balançava acima dela, radiante e orgulhosa. Gemeu a violeta, dizendo: "Pouca sorte tenho eu entre as flores! Humilde o meu destino! Vivo pegada à terra, e não posso só levantar a face ao sol como fazem as rosas."
A natureza ouviu, e disse à violeta: "Que te aconteceu, filhinha? As vãs ambições apoderaram-se de ti? - "Suplico-te, ó Mãe poderosa", disse a violeta. "Transforma-me numa rosa, por um dia só que seja." - "Tu não sabes o que estás pedindo", retrucou a natureza. "Ignoras o que se esconde de infortúnios atrás das aparentes grandezas." - "Transforma-me numa rosa esbelta e alta", insistiu a violeta. "E tudo o que me acontecer será a conseqüência dos meus próprios desejos e aspirações." A natureza estendeu a mão mágica, e a violeta tornou-se uma rosa suntuosa. Na tarde daquele dia, o céu escureceu-se, e os ventos e a chuva devastaram o bosque. As árvores e as rosas foram abatidas. Somente as humildes violetas escaparam ao massacre. E uma delas, olhando em volta de si, gritou às companheiras:
"Hei, vejam o que a tempestade fez das grandes plantas que se levantavam com orgulho e impertinência." Disse outra: "Nós nos apegamos à terra; mas escapamos à fúria dos furacões." Disse uma terceira: "Somos pequenas e humildes; mas as tempestades nada podem contra nós." Então a rainha das violetas viu a rosa que tinha sido violeta, estendida no chão como morta. E disse: - "Vejam e meditem, minhas filhas, sobre a sorte da violeta que as ambições iludiram. Que seu infortúnio lhes sirva de exemplo!" Ouvindo estas palavras, a rosa agonizante estremeceu e, apelando para todas as suas forças, disse com voz entrecortada: - "Ouvi, vós, ignorantes, satisfeitas, covardes. Ontem, eu era como vós, humilde e segura. Mas a satisfação que me protegia também me limitava. Podia continuar a viver como vós, pegada à terra, até que o inverno me devolvesse em sua neve e me levasse para o silêncio eterno sem que soubesse dos segredos e glórias da vida mais do que as inúmeras gerações de violetas, desde que houve violetas. Mas escutai no silêncio da noite e ouvi o mundo superior dizer a este mundo: O alvo da vida é atingir o que há além da vida. Pedi então à natureza - que nada mais é do que a exteriorização de nossos sonhos invisíveis - 'transforma-me em rosa'. E a natureza acedeu ao meu desejo. "Vivi uma hora como rosa.
Vivi uma hora como rainha. Vi o mundo pelos olhos das rosas. Ouvi a melodia do éter com o ouvido das rosas. Acariciei a luz com as pétalas das rosas. Pode alguma de vós vangloriar-se de tal honra? Morro agora, levando na alma o que nenhuma violeta jamais experimentara. Morro sabendo o que há atrás dos horizontes estreitos onde nascera, por que é esse o alvo da vida."
Khalil Gibran
Quando eu era criança, meu pai comprou um dos primeiros telefones da vizinhança. Lembro-me bem daquele velho aparelho preto, em forma de caixa, bem polido, afixado à parede. O receptor brilhante pendia ao lado da caixa.
Eu ainda era muito pequeno para alcançar o telefone, mas costumava ouvir e ver minha mãe enquanto ela o usava, e ficava fascinado com a cena!
Então, descobri que em algum lugar dentro daquele maravilhoso aparelho existia uma pessoa maravilhosa - o nome dela era "Informação, por favor" e não havia coisa alguma que ela não soubesse. "Informação, por favor" poderia fornecer o número de qualquer pessoa e até a hora certa.
Minha primeira experiência pessoal com esse "gênio da lâmpada" aconteceu num dia em que minha mãe foi à casa de um vizinho. Divertindo-me bastante mexendo nas coisas da caixa de ferramentas no porão, machuquei meu polegar com um martelo.
A dor foi horrível, mas não parecia haver qualquer razão para chorar, porque eu estava sozinho em casa e não tinha ninguém para me consolar. Eu comecei a andar pelo porão, chupando meu dedão que pulsava de dor, chegando finalmente à escada e subindo-a.
Então, lembrei-me: o telefone! Rapidamente peguei uma cadeira na sala de visitas e usei-a para alcançar o telefone. Desenganchei o receptor, segurei-o próximo ao ouvido como via minha mãe fazer e disse:
"Informação, por favor!", com o bocal na altura de minha cabeça.
Alguns segundos depois, uma voz suave e bem clara falou ao meu ouvido:
"Informação."
Então, choramingando, eu disse: "Eu machuquei o meu dedo..."
Agora que eu tinha platéia: as lágrimas começaram a rolar sobre o meu rosto.
"Sua mãe não está em casa?", veio a pergunta.
"Ninguém está em casa a não ser eu", falei chorando.
"Você está sangrando?" Ela perguntou.
"Não." Eu respondi. "Eu machuquei o meu dedão com o martelo e está doendo muito!"
Então a voz suave, do outro lado falou: "Você pode ir até a geladeira?"
Eu disse que sim. Ela continuou, com muita calma:
"Então, pegue uma pedra de gelo e fique segurando firme sobre o dedo."
E a coisa funcionou! Depois do ocorrido, eu chamava "Informação, por favor" pra qualquer coisa. Pedia ajuda nas tarefas de Geografia da escola e ela me dizia onde Filadélfia se localizava no mapa. Ajudava-me nas tarefas de Matemática. Ela me orientou sobre qual tipo de comida eu poderia dar ao filhote de esquilo que peguei no parque para criar como bichinho de estimação.
Houve também o dia em que Petey, nosso canário de estimação, morreu. Eu chamei "Informação, por favor" e contei-lhe a triste estória. Ela ouviu atentamente, então falou-me palavras de conforto que os adultos costumam dizer para consolar uma criança.
Mas eu estava inconsolável naquele dia e perguntei-lhe:
"Por que é que os passarinhos cantam de maneira tão bela, dão tanta alegria com sua beleza para tantas famílias e terminam suas vidas como um monte de penas numa gaiola?"
Ela deve ter sentido minha profunda tristeza e preocupação, pelo fato de haver dito calmamente:
"Paul, lembre-se sempre de que existem outros mundos onde se pode cantar!" Não sei porquê, mas me senti bem melhor.
Numa outra ocasião, eu estava ao telefone: "Informação, por favor".
"Informação," disse a já familiar e suave voz.
"Como se soletra a palavra consertar?" Perguntei.
Tudo isso aconteceu numa pequena cidade da costa oeste dos Estados Unidos. Quando eu estava com nove anos, nos mudamos para Boston, na costa leste. Eu senti muitas saudades de minha voz amiga!
"Informação, por favor" pertencia àquela caixa de madeira preta afixada na parede de nossa outra casa; e eu nunca pensei em tentar a mesma experiência com o novo telefone diferente que ficava sobre a mesa, na sala de nossa nova casa.
Mesmo já na adolescência, as lembranças daquelas conversas de infância com aquela suave e atenciosa voz nunca saíram de minha cabeça.
Com certa freqüência, em momentos de dúvidas e perplexidade, eu me lembrava daquele sentimento sereno de segurança que me era transmitido pela voz amiga que gastou tanto tempo com um simples menininho.
Alguns anos mais tarde, quando eu viajava para a costa oeste a fim de iniciar meus estudos universitários, o avião pousou em Seattle, região onde eu morava quando criança, para que eu pegasse um outro e seguisse viagem. Eu tinha cerca de meia hora até que o outro avião decolasse.
Passei então uns 15 minutos ao telefone, conversando com minha irmã que na época estava morando lá. Então, sem pensar no que estava exatamente fazendo, eu disquei para a telefonista e disse:
"Informação, por favor".
De um modo milagroso, eu ouvi a suave e clara voz que eu tão bem conhecia!
"Informação."
Eu não havia planejado isso, mas ouvi a mim mesmo dizendo: "Você poderia me dizer como se soletra a palavra consertar?"
Houve uma longa pausa. Então ouvi a tão suave e atenciosa voz responder: "Espero que seu dedo já esteja bem sarado agora!"
Eu ri satisfeito e disse: "Então, ainda é realmente você? Eu fico pensando se você tem a mínima idéia do quanto você significou para mim durante todo aquele tempo de minha infância!"
Ela disse: "E eu fico imaginando se você sabe o quanto foram importantes para mim as suas ligações!"
E continuou: "Eu nunca tive filhos e ficava aguardando ansiosamente por suas ligações."
Então, eu disse pra ela que muito freqüentemente eu pensava nela durante todos esses anos e perguntei-lhe se poderia telefonar para ela novamente quando eu fosse visitar minha irmã.
"Por favor, telefone sim! É só chamar por Sally".
Três meses depois voltei a Seattle. Uma voz diferente atendeu: "Informação".
Eu perguntei por Sally.
"Você é um amigo?" Ela perguntou.
"Sim, um velho amigo". Respondi.
Ela disse: "Sinto muito em dizer-lhe isto, mas Sally esteve trabalhando só meio período nos últimos anos porque estava adoentada. Ela faleceu há um mês."
Antes que eu desligasse ela disse: "Espere um pouco. Seu nome é Paul?"
"Sim". Respondi.
"Bem, Sally deixou uma mensagem para você. Ela deixou escrita caso você ligasse. Deixe-me ler para você."
A mensagem dizia: "Diga pra ele que eu ainda continuo dizendo que existem outros mundos onde podemos cantar. Ele vai entender o que eu quero dizer".
Eu agradeci emocionado e muito tristemente desliguei o telefone. Sim, eu sabia muito bem o que Sally queria dizer!
Paul Villiard

Canção do meu olhar


Se meu olhar te disser além,
muito além do que queres saber, desvia.
Se meu olhar me trair e deixar transparecer toda a ternura que tenho por ti,
disfarça.
Se meu olhar tentar assim te conquistar e seduzir
e o brilho ardente te incomodar, dissimula.
Se meu olhar, em teu olhar, encontrar a mesma sintonia,
por favor, sorria.

(Dúnia de Freitas)

mensagem de aprendizado



Não tente adivinhar o que as pessoas pensam a seu respeito.
Faça a sua parte, se doe sem medo.
O que importa mesmo é o que você é.
Mesmo que outras pessoas não se importem.
Atitudes simples podem melhorar sua vida.
Não julgue para não ser julgado...
Um covarde é incapaz de demonstrar amor
- isso é privilégio dos corajosos."

(Gandhi)

Mulheres










"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.
Pare para refletir sobre o sexto-sentido.Alguém duvida de que ele exista?
E como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes, em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você?
E quando ela antecipa que alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente ou que você quer terminar o relacionamento?
E quando ela diz que vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus, você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora de vôo. Ela fala pra você levar um casaco, porque "vai fazer frio". Você não leva. O que acontece? O avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo de tanto frio que faz lá dentro! "Leve um sapato extra na mala, querido. Vai que você pisa numa poça..." Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado...
O sexto-sentido não faz sentido!
É a comunicação direta com Deus! Assim é muito fácil... As mulheres são mães!
E preparam, literalmente, gente dentro de si. Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?
E não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral. Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"...
Tudo isso é meio mágico... Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe" nos "anjos da guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).
As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravazam?
Homens também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito devastador sobre os homens...
É choro feminino. É choro de mulher...
Já viram como as mulheres conversam com os olhos?
Elas conseguem pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar. Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar. E apontam uma terceira pessoa com outro olhar. Quantos tipos de olhar existem?
Elas conhecem todos...
Parece que freqüentam escolas diferentes das que freqüentam os homens! E é com um desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.
EN-FEI-TI-ÇAM !
E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas? Para estudar os homens, é claro! Embora algumas disfarcem e estudem Exatas...
Nem mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa seara. Ele, que estudou, como poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era "um continente obscuro". Quer evidência maior do que essa? Qualquer um que ama se aproxima de Deus. E com as mulheres também é assim.
O amor as leva para perto dEle, já que Ele é o próprio amor. Por isso dizem "estar nas nuvens", quando apaixonadas. É sabido que as mulheres confundem sexo e amor. E isso seria uma falha, se não obrigasse os homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida. Pena que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado. Com todo esse amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do tempo. Mas elas são anjos depois do sexo-amor. É nessa hora que elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos. E levitam. Algumas até voam. Mas os homens não sabem disso. E nem poderiam. Porque são tomados por um encantamento que os faz dormir nessa hora."


(Luís Fernando Veríssimo)

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Ser professor tem lá suas vantagens




Ser professor tem lá suas vantagens. Chego logo lendo
Drummond. Também leio gestos, detalhes de olhares,
cochichos; leio com o rabo do olho o bilhete escrito com a tinta
da emoção e passado de mão em mão; percebo o momento
exato em que o dono das piores notas decidiu, depois de fundo
suspiro, não mais viver nos vãos da vida. Sala de aula é salão de
arte. Cor em movimento. Caco cubista de pintor moderno.
O japonesinho, sempre sorriso, balança o cabelo liso
em movimentos que fazem suspeitar o novo sucesso do pop
nacional. Faz pausas, estala os dedos no ar, emite pequenos
sons. Escapa da sala quente contando os tijolinhos da parede,
folheando uma a uma as páginas da apostila, sonhando com
uma rede, um sol quente, uma menina bonita fazendo cafuné no
pé. Lá no fundão, Miquinho sente-se à vontade no exercício de
uma mímica natural, intuitiva. Passa por mim fazendo onda
com a mão e entra no meio do redemoinho de alunos. Esgueirase
entre carteiras e senta-se lá. Logo vira bola balançando no
espaço móvel da cadeira. Suzi se assusta. Apesar de mais alta,
mais forte e mais brava, é sensível e morre de medo do mundo.
Solta o cabelo longo sobre o rosto e se esconde numa caverna
de silêncio e solidão. Raquel é mais radical: quer ser freira e
rápido. Tem uma gargalhada gostosa de gente que sente já o
gozo da vida eterna. Por pouco não ficou falada na festa de
formatura do irmão ao dançar com Rodrigo. Esse sim, um Dom
Juan. Não tem a beleza postiça do garoto-propaganda, mas tem
charme. A mania de amar que tanto o diverte é herança doce do
avô, seresteiro de nascença. (...)
Ser professor tem mesmo suas vantagens. Na viagem
de volta, entre malas e provas, carrego comigo os instantes de
fúria e aflição; as palavras de dor e devoção; a alegria de juntar
todo dia o fogo da juventude – que aquece a razão – e celebrar
o tempo, o espaço e a arte de conviver.
Paulo Angelini. Texto disponível em: http://www2.uol.com.br/aprendiz.
Acesso em 16/05/2006. Adaptado.

"sobre a língua"



Tornou-se lugar-comum dizer que o português do Brasil é diferente do de Portugal. É uma questão polêmica que exalta as
paixões há mais de um século. Nos debates para as Constituições de 1824, 1890 e 1946, apareceu como possibilidade a denominação
de “língua nacional”, “língua brasileira” e até de “brasileiro”, mas nenhuma chegou a ser concretizada. Assim, a língua brasileira
passou a ser ordinariamente chamada de “português brasileiro” e muitas vezes de “brasileiro”. No entanto, esse é um real problema
que, a qualquer momento de sua história, o Brasil terá que enfrentar e resolver, friamente, porque não é somente um problema de
terminologia. Não se definirá a língua brasileira sem que se determine, simultaneamente, a identidade nacional. Ambas são
estreitamente ligadas, e a questão da língua é tanto um problema de lingüística quanto de cultura e de sociedade.
Do ponto de vista lingüístico, o português brasileiro não é um dialeto, mas é, sim, uma variante de português. Historicamente,
as variantes brasileira e portuguesa tiveram uma evolução separada a partir do século XVI, por múltiplas razões, e apresentam hoje
diferenças estruturais importantes, de ordem lexical, sintática, morfológica e fonética. Há até quem considere que são dois idiomas
distintos.
Outro aspecto a ser observado, e que se refere essencialmente à língua falada, é a ausência de norma – ou língua-padrão –
nacional, o que já não é mais um problema exclusivamente lingüístico. A primeira causa para essa ausência é a falta de centro de
referência nacional. Portugal conhece vários dialetos regionais, mas tem Lisboa como pólo político, econômico e cultural; a norma
lisboeta, portanto, prevalece. No Brasil, por razões históricas, geográficas e demográficas, não há centro de referência. Cidades como
Rio de Janeiro e São Paulo possuem uma inegável primazia cultural, mas constituem duas referências lingüísticas originais que se
diferenciam ainda dos outros centros, que são as capitais dos Estados. A segunda causa é de ordem social: conforme a classe
socioeconômica e o nível escolar (altos, médios ou baixos), a língua falada apresenta numerosas variantes. Existe, então, no Brasil,
horizontal e verticalmente, uma importante variedade de dialetos e falas, regionais e locais, desiguais no teor e na representação
populacional.
Estabelecer uma norma falada – e ensinada – no Brasil, portanto, não é um problema simples. Em relação a isso, existem
duas linhas de pensamento opostas: uma que defende a integridade da língua portuguesa, outra que preconiza uma reforma radical em
função das especificidades brasileiras. Todavia, não há nenhum motivo para que predomine a língua falada por uma cidade, uma
região ou uma classe social, e também não se pode imaginar uma solução regressiva que consistiria em decalcar a norma sobre a
língua falada. Existe realmente um termo médio? A resposta está nas pesquisas que estão sendo realizadas já há alguns anos no campo
da Lingüística. Mas qualquer que seja a solução, não poderá haver reforma sem escolhas arbitrárias e eliminações, que certamente
surtirão sofrimentos e frustrações nos que, com total dedicação, envolvem-se na questão da língua.
Jean Baptiste Nardi. Artigo disponível em: http://lingua-brasileira.blogspot.com.
Acesso em 17/05/2006. Adaptado.

"Se eu deixasse"


Se eu deixasse algum presente a você,
deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos.

A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora.
Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.

Deixaria para você, se houvesse, o
respeito àquilo que é indispensável:

Além do pão; o trabalho.
Além do trabalho; a ação.

E quando tudo mais faltasse, um segredo:

o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída.
(Gandhi)